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Motivações do Realizador

Quando li a história original que deu origem ao filme, IMPUNIDADES CRIMINOSAS, impressionou-me o facto da heroína não ser uma vitima passiva, mas alguém que assumia uma atitude mesmo que condenável aos olhos da sociedade.



 

Também me sensibilizou a ligação da violência no seio do casal com o contexto da violência das gangs, neste caso a gang de Chiquinho Paixão. Ou seja, a contextualização dessa violência que parece ser apenas «dentro de portas» quando afinal é também o reflexo do que se passa na sociedade.



Ao desenvolver o guião, um terceiro elemento me pareceu importante: A ideia de que a libertação eventual de um mulher vitima de violência só se concretiza quando ela acaba com o paradigma dentro dela própria. O aparecimento continuo do fantasma do marido mesmo depois de morto é uma metáfora indicando que há algo a liquidar no interior das vitimas e que apenas elas podem dar esse passo.



 

IMPUNIDADES CRIMINOSAS não é um tradicional filme educativo, mesmo que possa ser usado como tal. É uma história com diversas matizes que se sobrepõem e interagem, construída numa narrativa de ficção, liberta de imposições «educativas» mesmo que elas sejam presentes sempre que a história o exige. Entendo que a dicotomia de um bom e um mau claramente retratados não corresponde à realidade que vivemos onde as zonas de duvida, de hesitação, de vontade versus pressão são, infelizmente, as predominantes. O que torna mais difícil ainda a solução dos problemas...

Finalmente: Desde o principio decidi não optar pelo recurso fácil de retratar as cenas de violência. Nada de efeitos nem cenas de pancadaria estão presentes no filme. Por considerar que é no interior das pessoas, mais do que no corpo, que a violência se manifesta, magoa e perdura e é pelo interior que a libertação é possível...



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